domingo, 22 de abril de 2012

CHILE: Praia, Serra, Neve e Deserto Parte I

Passagem Aérea:

IDA: 12out2011 – São Paulo – Santiago com conexão em Montevidéu (09h25m – 15h30m)
VOLTA: 25out2012 – Santiago – São Paulo (18h25m – 23h15m)

Dia 12/10


Chegada às 15h30m no aeroporto de Santiago. Todos conhecem bem as regras de segurança para uma boa viagem, mas não custa alertar: se for pegar taxi, use os serviços do aeroporto (contrate antes mesmo de sair do desembarque). Ao sair, você será assediado por vários “taxistas” sem credencial oferecendo muitas vantagens. Fique alerta e evite problemas. Pagamos 25000 pesos de taxi até o centro. CARÍSSIMO. Quando o justo seria 10000 pesos (soubemos depois). Ficamos hospedados no Hotel Paris (Rua Paris, nº 813). Centro da cidade, fácil locomoção para outros pontos. Tem um preço justo pra quem não liga pra conforto e prédio antigo.
Pontualmente às 18h00m foi entregue o veículo Jimny Suzuki 4x4 pela locadora Seelmann (categoria F). O destaque desse dia foi o Pátio Bellavista, um local que reúne diversas lojas e restaurantes. Experimentamos a famosa “quesadilla” (delícia!!!) e o Bruno caiu no chope servido no canecão! O espaço é ótimo, mas o frio apertou bastante e decidimos descansar pra viagem do dia seguinte: RUMO AO ATACAMA!!!


Mas ao chegar no carro...

1ª Regra de Sobrevivência: NUNCA, mas NUNCA MESMO, deixe o carro fora de estacionamento ou em algum local que você fique inseguro. Especialmente os modelos que têm estepe no lado de fora. Levaram nosso estepe... 1º prejuízo da viagem. Íamos sair às 6 da manhã para o Atacama, mudança de planos.


Dia 13/10


Tomamos café pertinho do Hotel e seguimos para a Locadora pra resolver o problema do estepe. Descobrimos lá que o seguro não cobre nem vidro, nem pneu (já devem saber dos riscos). Não adianta chorar: vai ter que pagar. Enfim... Nessa altura do campeonato já estávamos questionando se realmente valia a pena alugar um carro (medo de outro prejuízo) ou seguir de ônibus até San Pedro de Atacama. Chegaríamos mais cedo, nada de preocupação com carro, sem cansaço da direção (de ônibus gastaríamos uma média de 24 horas; de carro uns três dias, parando nos locais de interesse).  Mas AINDA BEM que mantivemos nossa ideia inicial de seguir de carro. A viagem pelo deserto foi de fato a parte mais maravilhosa do nosso roteiro. De um lado o deserto, de outro a praia. E envolvendo isso tudo, tivemos a sorte de presenciar o espetáculo do “Desierto Florido”, fenômeno que ocorre a cada 04 ou 05 anos por conta de uma escassa chuva que cai no Atacama. O chão monocromático do deserto virou um tapete de flores coloridas, com azuis, púrpuras, amarelos e vermelhos. Lindo! E também pegamos neve no caminho! Ou seja: praia, deserto e neve. VÁ DE CARRO!


    Desierto Florido

Bom, mas não tinha nenhum outro veículo 4x4, então optamos por um de categoria B: um compacto da Chevrolet, econômico, parecido com Corsa; completo e praticamente zero km. Se nós realmente precisássemos de um 4x4, poderíamos alugar por um dia. No final das contas foi uma boa troca: o carro chegou a todos os lugares que queríamos, gastou bem menos que o 4x4 e com certeza, foi muito mais confortável do que o Jimny seria pra rodar os mais de 4000 km.
Saímos de Santiago finalmente às 11h30m rumo ao 1ºdestino em La Serena.
Abastecemos, lanchamos e 13h00m retomamos a viagem. Preparem-se para a sequência de pedágios, mas vale cada um; a estrada é ótima! Foram 06 até Coquimbo (Lampa, Las Vegas, Tunel El Melon, Pichichangui, TroncalSur e Troncal Norte) totalizando 12100 pesos.

2ª Regra de Sobrevivência: ABASTEÇA O CARRO SEMPRE e saia de Santiago com o tanque até a boca. Chegamos no 1º posto disponível para abastecer com apenas 1,6 litro de gasolina no tanque!!!!!!! SUFOCO! É muita subida. Tudo bem que o tanque do nosso compacto era pequeno, apenas 35 litros, mas mesmo assim: não pode dar mole quando a questão é posto de gasolina.

Às 17h14m chegamos em Coquimbo, 495km de Santiago. Abastecemos (graças a Deus), seguimos e chegamos a La Serena às 17h40m.


DICA: É possível gastar apenas 06 horas de Santiago até La Serena, sem correr; são 504 km. Mas pelo caminho tem lugares legais pra conhecer. Infelizmente nosso planejamento desse dia furou por causa do bendito estepe roubado, mas a ideia era conhecer com calma o Parque Nacional Bosque de Fray Jorge e o Monumento Nacional Valle del Encanto. Conhecemos apenas o 1º, na volta e vale a pena! Muito bonito e tem um simpático Guarda-Parque na entrada. Se sair cedinho de Santiago é possível conhecer bastante coisa pelo caminho! Essa época que estivemos lá o dia terminava apenas 8 da noite! Então a viagem rende!


La Serena é um encanto. Adoramos. Pernoitamos no Hotel del Mar (Av. Del Mar) por um precinho camarada de 75 dólares (valeu cada centavo: quarto de frente para a praia, limpinho, cheirosinho); café da manhã como em todos os lugares por onde passamos: FRACO. Perto do hotel há restaurantes, inclusive na orla. Fomos para o pub Brooklin’s, 50 metros do hotel. Fazem promoção de metade do preço de tudo até 23 horas. Jantamos e tomamos várias Coronas por 20000 pesos (aproximadamente R$80,00). O lugar é ótimo! Boa música, boa comida, bom atendimento. O centro de La Serena fica do outro lado da rodovia (estávamos do lado da praia); vale dar um passeio por lá! Conhecemos na volta.

Dia 14/10


Saímos de La Serena às 09h10m depois de abastecermos apenas 2,5 litros!!! Depois do susto não íamos mais deixar passar nenhum posto. Até La Serena era pista dupla; de agora em diante apenas mão única.
De La Serena até Domeiko(chegamos às 11h52m) foram 145 km com direito a muita neve pelo caminho. Outro fenômeno raro para esta época do ano! Com isso o percurso durou 02h42m. Sem neve, mais rápido! Às 12h50m, 90 km depois, chegamos em Vallenar. Abastecemos, almoçamos no próprio posto um PF generoso por 4000 pesos e seguimos sentido Copiapó às 13h24m. No Chile se come muito! O prato para uma pessoa certamente serve duas. La Serena até Vallenar (com neve): 195 km; 03h40m.


    Neve no Deserto

Às 14h44m passamos pela entrada de Copiapó, 125 km de Vallenar. Mais um pedágio (Puerto Viejo – 1850 pesos). Depois de Vallenar só se enxerga da janela do carro deserto e mais deserto!!!! É legal sempre ter bastante água dentro do carro e algo para beliscar; sempre existe o risco de acontecer algo com o carro e ficarmos na pista. E a estrada não é muito movimentada não... Às vezes ficávamos um tempão sem cruzar com nenhum carro! Na beira da estrada a gente viu milhares de pequenos (outros bem grandes) “santuários” em homenagem aos mortos na rodovia. Todos impecáveis, sem sinal de vandalismo. Além de educados, os chilenos são muito patriotas também.

    Na estrada

Chegamos à famosa Bahia Inglesa às 15h40m, ao sul de Caldera. Dizem que é a praia mais linda do litoral norte do Chile. Bonita sim, fenomenal não. Sem contar que praia sem direito a banho (GELADA) sempre influencia um pouco o julgamento. Paramos, andamos um pouco, tiramos fotos e fomos embora. Fizemos um lanchinho na colorida cidade portuária de Caldera e saímos de lá 17h30m para Chañaral.

    Bahia Inglesa

Chegamos em Chañaral para pernoite às 18h30m, depois de rodar 523 km desde La Serena e 1027 km desde Santiago! Estrada e paisagem sempre belíssimas!!!
MAS AGORA PÁRA TUDO! Muita atenção sobre Chañaral.
Quando eu amolo o Bruno e vice-versa ameaçamos de mandar o outro para Chañaral. Daí dá pra tirar o que achamos de lá! O lugar é sinistro, estranhíssimo, não tem nada. Ficamos num “treco” chamado Hotel Nuria por 20000 pesos (equivalente a R$ 80,00) – quase não achamos lugar pra ficar – que foi o terror de toda viagem. O chuveiro jogava água para o teto e tomamos banho GELADO no frio do deserto do Atacama. Roupa de cama então... Quando o Bruno terminou seu banho (e, portanto, era a minha vez), ele só disse: “agora você vai chorar...”. Jantamos mal, café da manhã pior ainda. Terrível. E o pior de tudo é que bastava andar mais 45 km e chegaríamos até o Parque Nacional Pan de Azúcar: A CEREJA DO NOSSO BOLO NA VIAGEM! Mas isso ficou pra volta!
P.S. Os comentários sobre Chañaral são decorrentes de nossas impressões PESSOAIS. Não gostamos e pronto!
Dia 15/10
Acordamos (nem dormimos) desesperados pra irmos embora e depois do café da manhã e abastecimento, 07h00m estávamos na estrada novamente. Como escrevi anteriormente, 45 km depois de Chañaral tem a entrada para o PN Pan de Azúcar. Planeje chegar pela noite se sair de La Serena e ficar lá pelo menos duas noites. Mais dicas sobre esse lugar depois. Abastecemos mais uma vez no caminho e depois de rodar 342 km chegamos ao monumento “La mao do deserto”. Parada para fotos, esticar as pernas e seguimos com as paisagens cada vez mais áridas e mais deslumbrantes do deserto. Tem que tomar muito cuidado com o vento. Algumas rajadas costumam tirar o carro completamente da pista. Não pode distrair não....
     La Mao do Deserto
Aproximadamente 04 horas depois de sairmos de Chañaral, chegamos a Zona Industrial de Antofagasta. Cenário MAD MAX total. A saída para cidade fica mais 22 km pra frente e depois descendo bastante por mais 20 quilômetros chegamos ao centro. Infelizmente foi o trecho que vimos mais sujeira; muito lixo jogado ao longo da rodovia. Antofagasta é uma cidade histórica, portuária, que funciona como depósito dos metais e minerais extraídos do Atacama. Há um local que ocupa uma encosta deserta e que vale a visita, são as Ruínas de Huanchaca. Aproveitamos também a cidade mais moderna para irmos ao shopping trocar dinheiro e comer uma pizza! Saímos de lá 13h30m em direção a Calama, destino final San Pedro de Atacama. Aproximadamente 70 km depois de Antofagasta do lado direito da pista é possível ver alguns desenhos nas montanhas (com certeza tem outro nome). Bem legal. E cinco quilômetros depois tem o Vilarejo Baquedano, com as Ruínas del Pueblo de Pampa Unión. Esse tem que parar pra andar pelas antigas construções e cemitérios. Conhecemos lá um rapaz solitário que veio da Bolívia pra ver as ruínas e nos explicou um pouco sobre a história do lugar. Éramos apenas nós três lá! E muuuuito vento!
     Antofagasta


     Desenhos no Deserto


     Ruínas del Pueblo de Pampa Unión
Aproximadamente 75 quilômetros depois, passamos por Sierra Gorda, um povoado típico de beira de estrada com 650 habitantes apenas; ideal para repor o estoque de água e belisquetes. Finalmente às 16h40m chegamos em Calama, base para as visitas às grandes minas de cobres de Chuquicamata. É uma cidade-oásis e está instalada na parte MAIS SECA do deserto MAIS ÁRIDO do planeta! No nosso caso, entramos na cidade apenas para nos perdemos demais já que a cidade é muito mal sinalizada, abastecemos e seguimos.
Finalmente às 20h30m chegamos em San Pedro de Atacama, mas antes disso aproveitamos para conhecer o Valle de la Luna, pelo qual paga-se 2000 pesos por pessoa e você entra com seu carro (não precisa 4x4). Esta atração fica 19 quilômetros de San Pedro. O nome, obviamente, se dá pela forma parecida à superfície lunar e pode ser explorado por trilhas bem sinalizadas. O trajeto passa pelas Três Marias, Duna Mayor, Minas de Sal e um Anfiteatro. De lá é possível ver o Vulcão Láscar, um dos mais ativos do Chile. Fecha às 19 horas. Muito vento e muito frio, mesmo com o sol! O pôr-do-sol de lá é fantástico! Só precisa subir um morrinho!


    Valle de la Luna



    Valle de la Luna


Bom, ao chegar em San Pedro tomamos um susto! A cidade estava LOTADA, mesmo na “baixa-temporada”. Rodamos um bocado até acharmos um hostel bem simpático chamado MISKANTY, a uma quadra do centro (Pasaje Mutulera, 141. Reservas: miskanty@hotmail.com). Pelas 03 diárias pagamos 150 dólares (sem café da manhã). Os hotéis são bem caros. Depois de acomodados saímos (com muito agasalho) para conhecer o local. San Pedro é uma cidadezinha com casas cor de terra e ruas sem asfalto bem graciosa. Tem um estilo meio alternativo, com visitantes de todos os lugares do mundo; é o destino turístico mais procurado no norte do Chile. De acordo com os guias de viagem que consultamos, precisaríamos de um 4x4 para acessar os pontos turísticos. Por esse motivo, já na primeira noite procuramos uma agência para fecharmos os passeios. Acertamos com a empresa NOMADE as atividades para os dias 16 e 17.
De antemão informo que os passeios que fizemos NÃO PRECISAM DE 4X4! E como não gostamos de andar em grupo com guia (ficar esperando todo mundo, ficar mais tempo nos lugares além do necessário, não poder curtir um lugar que gostamos por mais tempo são apenas uns dos motivos de DETESTARMOS andar em grupão); cancelamos o passeio da tarde do dia 17 (pagamos multa é claro) e continuamos por conta própria: MUITO MELHOR. Então pessoal, a não ser que vocês gostem de passear em grupos, fiquem seguros que é possível fazer tudo por conta com seu carro. Você aproveita muito mais, conhece muito mais lugares e principal: não se estressa com os folgados. Tem uma revistinha gratuita em San Pedro, você encontrará em qualquer lugar, que explica direitinho as atrações que tem lá, e traz demais informações que o visitante precisará.

2 comentários:

  1. Oi, Bianca!
    Fiquei com uma dúvida: vocês precisaram de carteira de motorista internacional pra alugar o carro lá ou só com a brasileira rola?

    Vou com meu marido pra lá este ano, na mesma época e pelo mesmo tempo e estamos muito tentados a seguir o seu roteiro. : )

    Abs,
    Gabi Juns

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  2. Oi Gabi! Usamos nossa habilitação mesmo, eles aceitam lá! Vcs vão adorar a viagem! Mas se puder, fique uns dois dias no Parque Nacional Pan de Azucar, é lindo lá... leve apenas mantimentos e água; não precisará de mais nada! tem churrasqueira tb nas casinhas... e reserve três dias pra voltar (San Pedro-Viña del Mar): foi super super super cansativo fazer em um dia só! Boa viagem pra vcs. Se precisar de qualquer outra informação é só dizer. Abraços.

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